

Neto, o personagem vivido por Rodrigo Santoro em “O Bicho de Sete Cabeças”, é internado em hospício por levar um cigarro de maconha na mochila.
Foto: Reprodução
10/02/2019
Reforma psiquiátrica brasileira é um movimento social, político e institucional pela extinção do modelo manicomial
Por Cecília Figueiredo,do Saúde Popular
A reforma psiquiátrica brasileira é um movimento social, político e institucional pela extinção do modelo asilar-manicomial, ou seja, do tratamento desumano dispensado a pessoas com sofrimento mental. Por décadas, elas eram internadas em hospitais psiquiátricos, submetidas a tratamentos violentos, muitas vezes sem comprovação científica. Esta semana, uma nota técnica do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro (PSL) fez renascer o fantasma dos manicômios no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para contribuir nesse processo de reflexão, o Saúde Popular selecionou nove filmes de ficção e documentários que denunciam os prejuízos da internação em manicômios. Conforme defende o movimento de Luta Antimanicomial, “trancar não é tratar”.
Confira a lista completa, com links para acesso aos filmes:
O filme é baseado no livro autobiográfico “Canto dos Malditos”, de Austregésilo Bueno. “Bicho de Sete Cabeças” mostra a vida de Neto (Rodrigo Santoro), adolescente de classe média internado em hospício após seus pais encontrarem um cigarro de maconha em seu bolso. Neto vivencia a terrível rotina de um hospital psiquiátrico – feita de tratamentos de choque e tratamento desumano aos pacientes.
Austregésilo Carrano morreu em maio de 2008. Foto: Reprodução
Baseado em fatos reais, Randle McMurphy, personagem de Jack Nickolson, finge estar louco para não ter de ir ao trabalho. McMurphy é mandado para um manicômio e lá conhece os mais terríveis costumes da instituição e as melhores pessoas de sua vida. Não obstante, faz com que os internos se revoltem às estritas normas da enfermeira-chefe, mas sofre com as consequências de seu comportamento, sendo mais uma das vítimas do hospital psiquiátrico.
Longa de 1975, “Um estranho no ninho” segue bastante atual mais de quatro décadas depois. Foto: Reprodução
Baseado em fatos reais, o longa trata da história de John Nash, interpretado por Russell Crowe, considerado um dos grandes gênios da matemática após ter formulado um complexo teorema com apenas 21 anos de idade. Conhecido por suas habilidades fora do comum, começa a trabalhar para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos – o início de seu fim. Representando o sofrimento dos esquizofrênicos, o filme ajuda a entender um pouco mais sobre a doença e fazer com que repensemos o tratamento dos acometidos por essa doença.
O Prêmio Nobel John Nash, vivido por Russell Crowe, matemático genial era esquisofrênico. Foto: Reprodução
Em nome da Razão – O Holocausto Brasileiro
Este documentário lançado em 2016 – dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz e baseado no livro homônimo de Daniela Arbex – mostra o genocídio cometido no Hospital Colônia em Barbacena (MG) enquanto discute questões relativas ao papel dos manicômios.
Imagem de “Holocausto Brasileiro”, livro de Daniela Arbex, de 2013. Foto: Reprodução Prefeitura de Barbacena
Um olhar problematizador sobre o sofrimento da mulher negra, pobre e periférica, a partir do caso de “Estamira”. Para pensar a exploração da mulher no sistema capitalista e as diferentes violências de gênero contra ela, a loucura e a sanidade, a sociabilidade da mulher em situação de vulnerabilidade social, é que se pergunta: quem foi Estamira?
“Estamira” é a protagonista do documentário; faleceu em julho de 2011, no RJ. Foto: Reprodução
Documentário – Saúde Mental e Dignidade Humana
“Saúde Mental e Dignidade Humana”, produzido pelo Centro de Memória da OAB, resgata a história do tratamento dispensado aos doentes mentais pelo sistema judiciário no Brasil. Traça um panorama histórico da loucura, tanto no exterior quanto no Brasil e apresenta os projetos de lei que tratam do assunto. Os especialistas também debatem a questão da inimputabilidade e o problema da prisão perpétua a que alguns doentes são submetidos por não haver uma ressocialização eficiente dos pacientes.
Documentário traz a visão de quem lutou contra os manicômios. Foto: Reprodução OAB
A psiquiatra Nise da Silveira enfrentou tudo e todos pelo bem dos pacientes do Hospital Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Dirigido por Roberto Berliner, o filme é protagonizado por Glória Pires.
Nise, a psiquiatra que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil, pela arte. Foto: CC da Saúde/MS
Produzido pela TV NBR, o documentário que trata sobre transtornos mentais “Dos loucos e das rosas” é narrado por um artista plástico que mostra o cotidiano de pacientes no hospital psiquiátrico em Barbacena (MG).
A “Cidade das Rosas”, Barbacena, ganhou ainda no século 20 o apelido de “Cidade dos Loucos”. Foto: Reprodução
Em 2012, o programa do SBT Conexão Repórter apresentou o documentário”A Casa dos Esquecidos”. O programa mostra os bastidores de um dos maiores hospícios no País, localizado em Sorocaba (SP). O programa revela um registro de abandono e violência. Pessoas eram vítimas de maus-tratos.
Pacientes submetidos a maus tratos em manicômio de Sorocaba (SP); programa exibido em 2012. Foto: Reprodução YouTube
Edição: Guilherme Henrique


Faltou um documentário muito bom e muito importante: A casa dos Mortos.
https://www.youtube.com/watch?v=noZXWFxdtNI
Grata Marianne pela sugestão.
Att,
Redação
Saúde Popular
Eu acresceria à lista de selecionados dois filmes:
1) “Titicut Follies”, documentário clássico, de Frederik Wiseman, realizado em 1967. Nele está exposta com transparência a instituição psiquiátrica norte-americana em todas as suas expressões de violência e exclusão.
2) Frances (1982$, drama biográfico dirigido por Graeme Clifford, com Jessica Lange no papel título. Frances Farmer foi uma promissora estrela de cinema em Hollywood que, ao ser considerada anti-social, foi lobotomizada.
Bom dia, Itajaí!
Agradecemos pelas sugestões, que serão utilizadas numa próxima edição.
Att,
Redação Saúde Popular
Sugestão: Holocausto Brasileiro (documentário) poderia estar nesta lista também!
Bom dia, Vitor!
Não poderia ficar de fora o documentário baseado no livro de Daniela Arbex, não é? Mas inclui sim, é que usei a reprodução de uma imagem.
*Em nome da Razão – O Holocausto Brasileiro*
Este documentário lançado em 2016 – *dirigido por Daniela Arbex e Armando Mendz e baseado no livro homônimo de Daniela Arbex* – mostra o genocídio cometido no Hospital Colônia em Barbacena (MG) enquanto discute questões relativas ao papel dos manicômios.
Agradecemos pelo comentário.
Att,
Redação
Saúde Popular